sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Análise do Gesto Esportivo da Corrida - Parte 1


A análise (e correção) do gesto esportivo é um importante aspecto da fisioterapia desportiva. O gesto esportivo é resultado não somente das experiências motoras prévias e do treinamento específico, mas também de alterações estruturais, neurais, musculares e miofasciais do indivíduo. Um fisioterapeuta que queira trabalhar com a correção das alterações de movimento deve ter um profundo conhecimento de todas essas áreas e saber trabalhar terapeuticamente em cada uma delas, além de saber integrá-las para, em última instância, corrigir adequadamente o movimento. O conhecimento do gesto esportivo também é outro aspecto fundamental.


Essa gravação foi realizada ao fim de 2011 com uma atleta que apresenta algumas interessantes alterações do gesto da corrida. Através de imagens estáticas retiradas do vídeo, vamos apontar as principais alterações observadas.

fig.1

Na fig.1 observamos a fase de contato inicial do pé com o solo sendo feita com o joelho travado em extensão. Isso não é o ideal. O joelho deve estar levemente fletido para que a absorção do impacto ocorra de madeira mais fluída. O travamento do joelho, além de favorecer uma desaceleração do corpo, vai transmitir maior impacto do solo para as articulações mais acima. Além disso, os músculos posteriores da coxa estarão mais esticados o que, além de poder favorecer uma eventual lesão (estiramento) tanto deles como do tríceps da perna, vai favorecer a rotação posterior da bacia (retroversão). A rotação posterior excessiva da bacia consequências para a coluna lombar e para a sínfise púbica (os dois lados da bacia estarão torcidos um em relação ao outro com repercussões na sínfise púbica).

fig.2

Na fig.2 enfatizamos as alterações do pé e do tornozelo. Observamos que o contato inicial do pé está sendo feito com o calcanhar e que existe uma importante dorsiflexão (dobrado pra cima) do tornozelo. A dorsiflexão constante vai estar não somente esticando a musculatura posterior da perna (e da coxa, contribuindo para os estiramentos conforme mencionamos da figura 1), mas exigindo uma atividade constante dos tibiais anteriores, músculos da parte da frente da perna (que realizam a dorsiflexão), podendo favorecer uma síndrome do stress tibial ("shin splint", periostite).

O contato inicial com o calcanhar é um aspecto que vem sendo muito discutido pelos profissionais que analisam movimento atualmente, sendo que existe uma discussão em saber se sua presença favorece ou não o aparecimento de lesões, em contraste com uma pisada com a sola do pé mais chapada (pisada com médio-pé). Esse é um aspecto que não consideramos essencial (pisar com médio-pé), mas via de regra o consideramos mais adequado. O importante é a posição do corpo quando o pé está totalmente apoiado no chão, sendo que o corpo deve estar imediatamente acima do pé (essa imagem não está ilustrada). Via de regra, quem tem o contato inicial com o calcanhar fica com o corpo atrás do pé quando este está totalmente apoiado.

fig.3

A figura 3 ilustra o contato inicial do lado direito, realizado com leve flexão do joelho. Isso indica uma assimetria entre os dois lados. É importante salientar que essa dorsiflexão é observada no vídeo. Uma análise realizada somente com fotos poderia revelar o momento imediatamente após o contato do calcanhar, no qual o joelho, inicialmente extendido, já poderia ter se dobrado.

fig.4

A fig.4 mostra que, no lado direito do corpo também ocorre a importante dorsiflexão de tornozelo, conforme mostramos na fig.2.


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